segunda-feira, 9 de julho de 2012

Siga Vivo recebe palestrantes da Rede Sarah

Na segunda parte do painel “O Atendimento às Vítimas de Acidentes de Trânsito”, realizado na parte da tarde do Ciclo de Debates Siga Vivo: pelo fim da violência no trânsito, nesta quinta-feira (05/7/12), apresentaram-se três representantes da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação: o médico Dr. João Gabriel Ramos Ribas, a fisioterapeuta Gabriela Afonso Galante e o estatístico Luiz Sérgio Vaz. Eles apresentaram conjuntamente uma palestra que abordou de maneira bastante esclarecedora o trabalho feito pela instituição em sete unidades no Brasil. A etapa final do ciclo de debates está sendo realizada em Belo Horizonte, no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Até esta quinta-feira, 234 propostas já tinham sido registradas, segundo informou a deputada Maria Tereza Lara (PT), que conduziu os trabalhos na parte da tarde.
De acordo com o Dr. João Gabriel, o foco do atendimento nos hospitais da Rede é a neurorreabilitação, sendo que os pacientes que sofrem neurotraumas causados por acidentes de trânsito compreendem grande parte dos atendidos pela instituição. Os neurotraumas envolvem lesões cerebrais, medulares e em crianças. Segundo ele, “em 2007, a cada 100 internações feitas no Sarah, 41 eram de vítimas no trânsito. Em 2011, esse número aumentou para 52,6%. E dessa taxa mais recente, 43% são de pacientes de 15 a 29 anos. Ou seja: os jovens são os que sofrem mais”. Ele também chamou atenção para o baixo número de vítimas que estavam usando cinto de segurança no banco de trás dos carros: apenas 27%. “O que as pessoas não percebem é que às vezes a pessoa nem sofre um trauma grande estando no banco de trás do carro, mas o impacto dela sobre o passageiro da frente pode gerar nele uma paraplegia ou tetraplegia. Por isso é indispensável o cinto também para quem está trás, para que as demais pessoas não se machuquem”.
O estatístico Luiz Sérgio mostrou alguns dados da realidade do trânsito brasileiro e mundial. Segundo ele, as perspectivas são ruins, pois, se nenhuma medida radical for tomada, em 2030 os acidentes serão a quinta causa de morte no mundo. “O Brasil é o quinto país do mundo em mortes no trânsito, sendo o segundo em morte de motociclistas. Nossos pronto-socorros e o SUS estão sobrecarregados. O custo de atendimento dos acidentados aos cofres públicos gira em torno de R$ 8.700 por pessoa. E se a vítima é fatal, esse custo sobe para R$ 35.000”, explicou.
A fisioterapeuta Gabriela contou como é feita a reabilitação das vítimas na Rede Sarah. De acordo com ela, o objetivo é conseguir uma qualidade de vida melhor para as pessoas que sobrevivem, com perspectivas realistas de reaprenderem as atividades do dia a dia. “Nós focamos nas potencialidades, não nas incapacidades. Temos uma visão integral do paciente, sem fragmentações. Buscamos deixá-los o mais próximo possível de suas vidas cotidianas, com treinos de locomoção, socialização, educação física e esportes, inclusive levando-os para a rua, para o cinema, levando-os a vivenciar as situações cotidianas e superar da melhor forma os obstáculos que aparecerem ”.
Como debatedora e palestrante, a diretora institucional da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, Ana Dall' Agnese, encerrou o painel do ciclo de debates nesta quinta-feira. Ela contou a história da Fundação, cujo objetivo é valorizar e preservar a vida mobilizando a sociedade por meio de ações educativas e culturais. São mais de 18 mil voluntários em todo o país. “Os acidentes de trânsito são uma epidemia silenciosa. Por isso, o casal Régis e Diza criaram a Fundação. Para dar voz a famílias como a deles, que foi destroçada por um acidente de trânsito, que vitimou seu filho. Para nós, o trânsito não são carros, são pessoas. Essas vítimas todas têm um rosto e uma história”. Ela ressaltou a necessidade de ações efetivas de combate aos acidentes de trânsito, especialmente contra a bebida alcoólica. “Há uma indústria poderosa por detrás disso? Sim, mas precisamos combatê-la também. Não adianta educar as crianças se os pais delas bebem e dirigem e nada acontece com eles. Elas seguem os modelos que têm em casa. A mudança de atitude tem que ser em cada um”.
Mais de 200 propostas já foram apresentadas
Ao todo, 234 propostas foram registradas pela organização do Ciclo de Debates Siga Vivo: pelo fim da violência no trânsito, desde a fase inicial do evento até a tarde desta quinta-feira (5/7/12), primeiro dia da etapa de encerramento, no Plenário da Assembleia. Promovido pela ALMG, em parceria com 58 entidades públicas e privadas, o ciclo de debates contou com oito encontros regionais. O primeiro foi realizado no dia 21 de maio, em Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte. O último, em Belo Horizonte, foi desdobrado em duas sessões: quinta-feira (5) e sexta-feira (6).

Até agora, o Triângulo Mineiro foi a região do Estado que apresentou o maior número de propostas (39), seguido das regiões Centro-Oeste (38), Central (37), Alto Paranaíba (33), Zona da Mata (29), Sul (27), Norte e Nordeste (16) e Vales do Rio Doce/Mucuri e Jequitinhonha (15). Todas as propostas estão disponíveis para consulta no portal da Assembleia (www.almg.gov.br). A organização acolherá ainda outras propostas ao longo desta sexta-feira, no curso dos debates, e até segunda-feira (9), via internet. Ao final, será feita uma síntese de todas elas, agrupadas por assunto e encaminhadas para possíveis ações legislativas.

Debates - Campanhas educativas, construção de ciclovias e de faixas exclusivas para motocicletas, mais rigor na fiscalização e na punição dos contraventores de trânsito, foram algumas das propostas e sugestões apresentadas na tarde desta quinta-feira. Durante os debates, o secretário-adjunto de Saúde de Betim, Márcio Melo Franco, elogiou “o alto nível das palestras”, mas se disse “cético” quanto a campanhas educativas, ressaltando que o Brasil ocupa o segundo lugar, no mundo, em número de acidentes com moto. Defendeu mais rigor na punição e fiscalização. “Não acredito em êxito de campanhas educativas se não olharmos bem estas questões”, disse, acrescentando que entre 2011 e 2012 o número de acidentes com motocicletas, em Belo Horizonte, aumentou 72,9%, sendo 52% nos corredores entre veículos.

Rogério dos Santos, do Sindicato dos Motociclistas de Minas Gerais, também se revelou pessimista, alegando que a família incentiva os jovens a adquirirem motocicleta tão logo entram para o mercado de trabalho, como um símbolo de status e crescimento do poder aquisitivo. Denunciou também o que chamou de “negligência das autoridades”.

Mais otimista, Ricardo Teixeira, o “Mr. Bus”, educador da BHTrans, mostrou-se satisfeito com o resultado do evento. “O que aprendemos aqui hoje é lição de casa para cada um de nós. Vamos adotar comportamento seguro, usando o cinto de segurança, utilizando as passarelas para atravessar as vias e parando nos sinais de trânsito”, apelou. Ele propôs uma ação educativa, no sinal de trânsito em frente à Assembleia Legislativa, no encerramento dos debates.

FONTE: ALMG

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