sábado, 31 de março de 2012

Pessoas com deficiência querem crédito com juros menores


A redução dos juros sobre financiamento para pessoas com deficiência foi a principal reivindicação feita nesta quarta-feira (28/3/12) por entidades que participaram de audiência pública sobre linha de microcrédito autorizada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para a compra de equipamentos especializados. O empréstimo, de até R$ 30 mil para quem ganha até dez salários mínimos, foi debatido na Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.


A taxa de juros prevista é de até 2% ao mês, o que para o presidente da comissão, deputado Doutor Wilson Batista (PSD), não se justifica. Ele frisou que essa taxa é similar à praticada no mercado e que há linhas de financiamento para investimentos cobrando taxas de 6% ao ano.


O autor do requerimento, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), ressaltou que os juros previstos podem dificultar o acesso ao crédito, embora destacando que a iniciativa seja importante para favorecer a inclusão das pessoas com deficiência. Ele lamentou a ausência de representante da Caixa Econômica Federal no debate. 
O objetivo da audiência foi colher sugestões sobre a linha de crédito para que a lista de produtos contemplados seja ampliada. Dalmo Ribeiro Silva lembrou que a portaria com a lista de bens que poderão ser financiados foi publicada no Diário Oficial da União de 7 de fevereiro deste ano, pelos Ministérios da Fazenda e da Ciência, Tecnologia e Inovação e pela Secretaria de Direitos Humanos. Constam da lista, por exemplo, computador portátil braille, mouses alternativos, cadeiras de rodas com adequação postural, lupas eletrônicas portáteis, entre outros.
Redução do ICMS – Outros representantes de entidades como Kátia Ferraz Ferreira, do Centro de Vida Independente, reivindicaram, ainda, que o Governo do Estado reduza o ICMS que incide sobre cadeiras de rodas motorizadas. “Não há fábricas em Minas e se cobra 18% de ICMS,  como se fosse um produto supérfluo”, afirmou.
 
Kátia acrescentou que são grandes as filas de espera no SUS para obtenção do equipamento e defendeu também a abertura de editais da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) para pesquisas voltadas ao desenvolvimento de equipamentos mais baratos e sustentáveis.
 
Fala semelhante quanto à pesquisa teve Cintia Rodrigues Santos, da Secretaria de Estado de Saúde. Ela considerou o microcrédito essencial para a inclusão de pessoas com deficiência, mas ressaltou a preocupação da secretaria também com o desenvolvimento de tecnologias assistivas, junto com a Secretaria de Ciência e Tecnologia, de forma a contribuir para que  produtos novos e acessíveis possam ser disponibilizados.
 
Para coordenador da Saúde, SUS também deveria oferecer equipamentos
 
O coordenador de Oftalmologia Social da Secretaria de Estado de Saúde, Alexander Fabian Malheiros, defendeu na audiência que as pessoas com deficiência possam ser atendidas em suas necessidades de equipamentos também pelo SUS, e não apenas contratando financiamentos. “ O certo seria que se incluíssem vários dos equipamentos também na tabela do SUS, sem que fosse preciso desembolsar dinheiro”, afirmou.
 
Citando a própria situação, Alexander contou usar uma telelupa eletrônica portátil que mandou buscar na China por R$ 900,00 diante do custo do equipamento no mercado nacional, segundo ele de R$ 3 mil. A telelupa, frisou, faz parte da lista de produtos incluídos no microcrédito, mas no seu entendimento deveria ser contemplado também na tabela do SUS em prol das pessoas com deficiência visual.
 
Maurício Alves Peçanha, fundador da Associação dos Deficientes de Contagem, endossou a reivindicação ao dizer que a oferta da linha de crédito parte do pressuposto de que todas as pessoas estão no mercado de trabalho e que podem pagar o financiamento, “Somos mais de 45 milhões no País e não fomos ouvidos sobre isso”, criticou ele.
 
O deputado Dalmo Ribeiro Silva considerou justas a reivindicações e disse que será feito ainda um apelo ao Governo do Estado para trazer indústrias de cadeiras motorizadas para Minas. Ele lembrou que é autor de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que insere, entre as atribuições do Estado, melhorias nas condições urbanas no que se refere à acessibilidade e mobilidade.

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