85% dos postos oferecidos por centro de apoio da prefeitura são para quem está em início de carreira; profissional com graduação não encontra emprego
Rodrigo Capote/Folha Imagem
O advogado Breno Close D’Angelo Carvalho, que está desempregado há um ano e cinco meses
DA REPORTAGEM LOCAL
O CAT (Centro de Apoio ao Trabalho) da Prefeitura de São Paulo contabiliza 11 mil cadastros de currículos de deficientes que buscam recolocação ou uma vaga no mercado de trabalho. Destes, 50% têm, pelo menos, o ensino médio completo.
O dado vai de encontro a uma justificativa comum no mercado para não contratar pessoas com deficiëncia-a de que há pouca gente qualificada. Por isso, dizem empresas, reservam vagas operacionais a esse público.
No CAT, por exemplo, 85% das 8.000 vagas oferecidas para essas pessoas são para posições de início, como auxiliares ou assistentes, segundo Adriano Bandini, coordenador de empregabilidade da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida.
"Ainda existe preconceito", considera. Para ele, há pessoal de boa formação, mas as companhias têm resistência à contratação de deficientes.
É a mesma opinião do advogado Breno Close D'Angelo Carvalho, 39. Ele diz que o fato de ser cadeirante limita suas oportunidades de trabalho.
Apesar da graduação, da proficiência em inglês pela Universidade de Michigan e da aprovação no primeiro exame que prestou para tirar o registro na Ordem dos Advogados do Brasil, está desempregado há um ano e cinco meses.
"Fui desqualificado em uma seleção para uma multinacional porque, segundo a empresa, os corredores eram muito estreitos. Nem cogitaram a possibilidade de trabalho a distância", lamenta Carvalho.
Uma das últimas vagas oferecidas a ele foi para supervisionar "call center". "O salário não era ruim, R$ 3.000. Mas não foi para isso que estudei."
A remuneração média de uma pessoa com deficiëncia é de R$ 1.700, segundo a Rais (Relação Anual de Informações Sociais) de 2008, do Ministério do Trabalho.
"O profissional qualificado que queira ganhar mais de R$ 4.000 tem dificuldades", declara Bandini.
Com isso, "muita gente com ensino superior completo aceita vagas para qualificações menores para conseguir se colocar no mercado de trabalho", afirma Carolina Ignarra, sócia da Talento Incluir, especializada em recrutar pessoas com deficiëncia.
FONTE : Folha de São Paulo
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