quinta-feira, 18 de março de 2010

Método que mede com maior eficácia a gravidade de doenças neuromusculares é adotado pelo Hospital das Clínicas

quinta-feira, 18 de março de 2010, às 7h49

Pelo menos um em cada três mil indivíduos, em todo o mundo, é afetado por alguma doença neuromuscular. A enfermidade leva à fraqueza dos músculos gradativamente, o que acarreta, a seus portadores, dificuldades na realização de atividades simples da vida diária, como escovar os dentes, sentar, levantar, caminhar e, em alguns casos, até rasgar folhas de papel. Entre crianças, a incidência da doença decorre, em sua maioria, de fatores genéticos. Por esse motivo – e também por necessidade terapêutica – os sistemas de avaliação clínica dos pacientes possuem papel importante no monitoramento da doença.

Focada nessa modalidade de análise, pesquisa de mestrado desenvolvida na Faculdade de Medicina da UFMG, pela fisioterapeuta Gabriela Campolina Diniz, concluiu que o método francês, conhecido como Medida de Função Motora (MFM), é o mais eficaz para a avaliação clínica dos pacientes. Ele permitiria, a partir de escala específica, determinar quantitativamente o real estado físico dessas pessoas, independentemente do grau de severidade da doença.

Desenvolvido em 2005, na França, o método foi validado no Brasil em 2008 e, desde 2009, tem sido analisado comparativamente aos principais métodos tradicionais em uso.

Pesquisa
Gabriela Campolina acompanhou 34 pacientes do Ambulatório de Doenças Neuromusculares da Infância e Adolescência do Hospital das Clínicas da UFMG, entre 2008 e 2009.

O grupo pesquisado foi avaliado pela fisioterapeuta, com base na MFM, quanto ao grau de força muscular e graus amplitude de articular - mede graus de encurtamento e contratura muscular. Após seis meses, os testes com o mesmo grupo foram refeitos, e os resultados comparados. A convergência dos dados obtidos nos dois momentos demonstrou a precisão do método – e sua superioridade em relação aos demais.

Benefícios
“A MFM é uma importante ferramenta de acompanhamento dos pacientes, porque o resultado é um dado quantitativo. Conseguimos avaliar precisamente quanto o paciente melhorou, piorou ou se ele ficou estável”, observa a neuropediatra e professora do Departamento de Pediatria Juliana Gurgel Giannetti, orientadora da pesquisa.

O método pode ser usado para acompanhar qualquer tipo de doença neuromuscular.Atualmente, as técnicas usadas são específicas para cada doença, exigindo que o profissional domine diversas delas.

“A MFM é muito fácil de ser aplicada. A avaliação demora cerca de 20 minutos por paciente, é bem tolerada por eles e o custo financeiro não é elevado. Outra vantagem é que o profissional aprende o método em apenas um dia”, esclarece Gabriela Campolina. Ainda de acordo com a pesquisadora, médicos e fisioterapeutas brasileiros já estão autorizados a utilizar a técnica francesa. Informações e manual da escala, em língua francesa, estão disponíveis no endereço www.mfm-nmd.org.

Rotina
Unidade especializada no tratamento desse tipo de enfermidade em Minas Gerais, o Ambulatório de Doenças Neuromusculares da Infância e Adolescência do Hospital das Clínicas da UFMG usa a escala MFM, desde 2008, para fins de pesquisa. Com a aprovação da dissertação de Gabriela Campolina, incorporou, neste mês, a Medida de Função Motora como rotina na avaliação dos pacientes.

Criado há dez anos, o Ambulatório recebe atualmente entre 15 a 20 pacientes, por semana, por meio do Sistema Único de Saúde, SUS. Para ter acesso ao atendimento, o paciente deve ser encaminhado por médicos dos centros de saúde municipais.

Manifestações
As doenças neuromusculares podem ter origem genética ou serem adquiridas. No primeiro caso, elas decorrem de mutações em alguns genes. Essas alterações provocam deficiência parcial ou total de proteínas importantes na medula, nervo ou músculo, podendo desencadear então distrofia muscular de Duchenne, amiotrofia espinhal progressiva, distrofia miotônica ou miopatias congênitas.

Além do fator genético, a enfermidade pode ocorrer em qualquer momento da vida, devido a doenças associadas a processos imunológicos, inflamatórios e infecções. Exemplos são as infecções semelhantes à poliomielite, botulismo e dermatopoliomiosite.

(Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina)

FONTE: http://www.ufmg.br/online/arquivos/014876.shtml

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