terça-feira, 14 de janeiro de 2014

ARTIGO - Anúncio de vaga de trabalho - contratamos pessoas com deficiência

Será que as pessoas com deficiência não podem concorrer as vagas de vendedor, engenheiro, secretária, padeiro, telefonista, pedreiro, enfermeiro, motorista, ou gerente? Se analisarmos pela forma que as empresas divulgam nos jornais ou sites podemos ficar com esta dúvida. Será? É comum ao ler os anúncios de vagas de trabalho das empresas nos jornais a seguinte frase: “contratamos pessoas com deficiência”. O que é estranho e não inclusivo nesta frase é que as outras vagas divulgadas aparecem descrevendo 

os respectivos cargos que a empresa necessita contratar como vendedor, engenheiro, secretária, padeiro, telefonista, pedreiro, enfermeiro, motorista, gerente entre outros. 

Como devemos interpretar este tipo e forma de divulgação de uma vaga de trabalho para as pessoas com deficiência? Podemos definir várias hipóteses de análises como: 

a) Contratamos pessoas com deficiência – as vagas são para todos os cargos da empresa? 

b) Contratamos pessoas com deficiência – a empresa irá se adequar a qualquer tipo de deficiência que uma pessoa apresentar? 

c) Contratamos pessoas com deficiência – independentemente do tipo de perfil das pessoas, basta ter deficiência que a empresa irá contratar? 

Poderíamos relacionar outras hipóteses, contudo, apenas com as três já relacionadas conseguimos perceber o desafio que as empresas ainda possuem para avançar com a implantação de processos que promovam a inclusão de pessoas com deficência no mercado formal de trabalho.

Ou seja, ao divulgar uma vaga de trabalho em jornais, sites ou outras ferramentas de comunicação é um gesto inclusivo apresentar qual é o cargo da oportunidade de trabalho que está sendo apresentada, ao invés de colocar um anúncio genérico “contratamos pessoas com deficiência”. É importante construírmos um ambiente em que as pessoas com deficiência participem do mercado de trabalho com condições inclusivas e não assistencialistas. Temos os dois lados da moeda: as empresas e as pessoas com deficiência. 

Do lado das empresas identificam-se gestores de recursos humanos oferecendo vagas a qualquer custo dentro da empresa para que a probabilidade de encontrar pessoas que se enquadrem na lei de cotas seja 

ampliada reduzindo o risco da empresa pagar multa por não cumprimento da lei junto ao Ministério do Trabalho e Emprego. Contudo, a empresa não define ações internas para a promoção de um ambiente mais inclusivo que ofereça tecnologia assistiva para os funcionários que demandam algum tipo de acessbilidade. 

Do outro lado, pessoas com deficiência com histórias de segregação e desrespeito que buscam colocações no mercado de trabalho que ofereçam além de salários e benefícios que sejam dignos, um ambiente em que eles não sejam tratados como “diferentes” ou “heróis” ou “super funcionários”. 

Neste sentido, ao divulgar uma vaga de trabalho para as pessoas com deficiência, apresente qual é o cargo e o perfil para que você não receba “qualquer pessoa”. Pois, todos nós somos pessoas, independentemente do “como” é a sua pessoa. 


Prof. Oswaldo Barbosa (www.professoroswaldo.com.br) – É doutorando em Administração pela PUC Minas, mestre em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro e especialista em projetos sociais e certificado na metodologia PMDPRO. É o superintendente do Instituto Ester Assumpção que promove ações de inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

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